Sabe aquela velha estratégia muito aplicada no mundo dos negócios, de afirmar em alto e bom tom que sua empresa trabalha com excelência? De dizer que produz sempre com o fim de ser referência no setor de atuação e que gera inúmeros benefícios aos parceiros e clientes finais? Pois é… ela, por si só, já “não cola” mais!
Claro que toda empresa deve exercer suas funções com foco em oferecer produtos e serviços de extrema qualidade e, sempre que possível, a custo acessível e com alto valor agregado. Mas isso, há um bom tempo, já não é mais um posicionamento suficiente para quem quer se destacar no mercado.
Hoje em dia, uma empresa que quer ser reconhecida por todos os elos da cadeia produtiva e comercial, deve colocar em sinergia três elementos na sua rotina diária: crescimento econômico, transformação social e responsabilidade ambiental. E é com foco neste último fator, a gestão sustentável, que daremos prosseguimento ao presente artigo.
Até mesmo porque adotar ações sustentáveis e fomentar a conscientização sobre a importância de cuidar do meio ambiente é uma questão de necessidade. Afinal, a perenidade dos recursos naturais garante não só a produtividade das empresas, mas, acima de tudo, a vida das futuras gerações.
Como funciona o mercado de carbono?
Em texto anterior intitulado “Ouro verde: Brasil pode arrecadar bilhões com crédito de carbono”, introduzimos você, caro leitor, a um assunto muito em pauta em tempos atuais: o mercado de carbono e os créditos dele derivados.
Mas, afinal, o que o mercado de carbono tem a ver com a sua empresa? Pode parecer meio confuso, em princípio, se você ainda não entrou nesse, digamos, universo. Mas saiba que gerar e vender créditos de carbono pode ser bastante vantajoso e lucrativo!
O cenário é o seguinte: uma empresa que consegue reduzir e/ou compensar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) de modo comprovado, gera créditos de carbono que podem vir a ser vendidos para mercados financeiros nacionais e internacionais.
E aqui vale ressaltar que por ser o crédito de carbono considerado uma commodity, os preços a serem seguidos são taxados pelo mercado internacional. Hoje, pelos parâmetros mundiais, cada unidade de crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO₂ que deixou de ser emitida ou que foi retirada da atmosfera, via compensação.
Mercado de carbono regulado
Quando falamos em precificação do crédito de carbono – tecnicamente chamado de Redução Certificada de Emissão (CER, sigla em inglês) – , consequentemente temos que abordar os tipos de mercado existentes nesse nicho. E são dois: o regulado e o voluntário (não regulado).
O mercado de carbono regulado é fruto das urgências em relação às mudanças climáticas, e nasceu em decorrência do Protocolo de Kyoto (Quioto, no Brasil). Isso porque o tratado impôs em seus termos que alguns dos principais países responsáveis pelo aquecimento global – os que ratificaram o protocolo, chamados países Anexo I – devem se comprometer a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.
Para tornar isso viável, foram criadas obrigações legais para governos e empresas baseadas nesses países, que incluem tanto o limite de emissões quanto a possibilidade de compra de créditos de carbono oriundos de outros territórios do Anexo I. Esta última possibilidade no caso de precisarem compensar emissões além da meta, caso não consigam compensar por si só.
A Califórnia, a China e muitos países europeus possuem grande representatividade nesse tipo de mercado, sendo que as metas e compras de créditos de carbono são todas definidas de maneira doméstica, o que significa dizer que cada país define o quanto quer reduzir e como e de quem quer comprar os créditos.
Essa flexibilidade na comercialização das CERs deriva do Acordo de Paris, tratado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês) que substituiu o Protocolo de Kyoto com o fim de estabelecer novas medidas de redução das emissões de GEE a partir de 2020.
Mercado de carbono voluntário
Já no mercado de carbono voluntário, que é um mercado informal, as negociações se dão entre empresas e o preço é determinado livremente, conforme a demanda e o tipo de iniciativas e projetos associados à redução de emissões de GEE. Por meio dele qualquer empresa, pessoa, ONG ou governo pode gerar ou comprar créditos de carbono voluntários – tecnicamente conhecidos por Reduções Voluntárias de Emissões (VERs, em inglês).
Contudo, como o mercado não regulado surgiu de forma paralela ao Protocolo de Kyoto, ainda que os créditos sejam auditados, não estão sujeitos a registros da Organização das Nações Unidas (ONU) e, por esse motivo, não valem como meta de redução para os países que aderiram ao acordo internacional.
Ainda assim esse mercado é muito procurado por companhias que desejam aderir voluntariamente na luta contra as mudanças climáticas, indo além de suas obrigações legais. Por isso é chamado de voluntário. São exemplos a Apple, a Amazon e Microsoft, que se comprometeram a zerar suas emissões nos próximos anos.
Ações de compensação de carbono
Em geral, as empresas neutralizam voluntariamente emissões por meio de projetos socioambientais realizados por cooperativas, associações, ONGs e pequenas empresas que adotam medidas de redução em suas atividades. Projetos com foco em energia renovável, uso de biomassa, reflorestamento e a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD+) são os mais procurados.
E ainda que não precisem de aprovação da ONU, esses projetos precisam ser validados, verificados e registrados por padrões internacionais como o Verified Carbon Standard (VCS) e o The Gold Standard, entre outros. E então os créditos de carbono deles decorrentes podem ser vendidos para empresas que desejam neutralizar suas emissões.
Como país em desenvolvimento e por sua baixa responsabilidade histórica nas emissões, O Brasil não assumiu meta em Kyoto e, portanto, os projetos aqui baseados só podem participar como fornecedores de créditos de carbono do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). E assim surge uma excelente oportunidade de negócio.
Se interessou em saber como projetos de reflorestamento podem alavancar sua marca? Quer calcular sua pegada de carbono para computar créditos que podem ser colocados à venda e, assim, lucrar nesse segmento de mercado?
Fonte: Anubz.